O volume de vendas do comércio varejista do Estado de São Paulo caiu 12,9% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado. O faturamento nominal (sem descontar a inflação) recuou 3,9%. Os dados são do ACVarejo, levantamento mensal da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), e referem-se ao varejo ampliado, que inclui automóveis e material de construção.
No período acumulado (janeiro a maio), o setor apresentou retração de 7,2% nas vendas e leve crescimento de 1,2% no faturamento, frente a igual período de 2015. Já em 12 meses, as vendas diminuíram 6,3% e o faturamento aumentou 1,8%.
“Os resultados dos primeiros cinco meses do ano continuam a mostrar fortes retrações, refletindo a renda em queda, o avanço do desemprego e o crédito mais caro e escasso. Tudo isso deixa a confiança do consumidor em patamares muito reduzidos, minando a disposição a comprar”, destaca Alencar Burti, presidente da ACSP. “Mas nossa expectativa é que as retrações no varejo podem começar a arrefecer, na medida em que melhore a confiança do consumidor”, diz Burti, que também preside a Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp).
Os resultados de maio também foram influenciados pelo efeito-calendário do feriado de Corpus Christi e pelo fato de o mês ter começado num domingo, reduzindo o número de dias úteis.
O presidente da ACSP lembra que a crise no varejo paulista – assim como no resto do País – atinge todas as regiões paulistas e todos os setores, mesmo os de consumo mais essencial.
O ACVarejo é elaborado pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal, da ACSP, com base em informações da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo. O material também revela o desempenho do varejo restrito – que não inclui automóveis e material de construção.
Setores
Dos nove setores analisados pela pesquisa no Estado, aqueles que são mais dependentes de créditos apresentaram os maiores recuos no volume de vendas em maio frente ao mesmo mês de 2015. São eles: móveis/decorações (-26,2%), concessionárias de veículos (-22,5%), lojas de departamento/ eletrodomésticos/eletroeletrônicos (-18,7%) e lojas de materiais de construção (-16,6%).
No acumulado dos cinco primeiros meses de 2016, apenas um setor ficou com saldo positivo ante 2015: o de farmácias/perfumarias, com pequeno crescimento de 1%. Já em 12 meses, farmácias/perfumarias e supermercados apresentaram aumentos de 3,1% e de 0,4%, respectivamente.
Regiões
Em maio, nenhuma região paulista registrou crescimento do volume de vendas no varejo ampliado na comparação anual. A menor queda foi no Vale do Paraíba (-6,3%). Na outra ponta, o maior tombo foi da região Metropolitana Oeste (-21,3%). No acumulado do ano, a região de Marília teve ligeiro aumento, de 0,3%. E em 12 meses a Região do Alto Tietê registrou leve alta de 0,6%.
FATURAMENTO E VOLUME DE VENDAS DO VAREJO NO ESTADO DE SÃO PAULO MAIO DE 2016
Em maio, frente a igual mês de 2015, os volumes de vendas do varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) e ampliado (que inclui todos os setores) do Estado de São Paulo mostraram queda superior à observada em abril, nessa mesma base de comparação. Essas quedas continuam espraiando-se por todas as regiões administrativas e por todos os setores considerados, incluindo aqueles de consumo mais essencial, como supermercados e farmácias.
A crise do varejo paulista, assim como a que aflige o resto do país, se explica pela menor renda, pelo maior desemprego e pela menor disponibilidade e maior custo do crédito. Esses fatores têm redundado na manutenção da confiança do consumidor em patamares muito reduzidos, minando sua disposição a comprar.
Em todo caso, os resultados de maio também estiveram influenciados pelo efeito calendário do feriado de Corpus Christi e pelo fato do mês ter começado num domingo, o que reduziu o número de dias úteis.
Frente a maio do ano passado, observou-se queda dos volumes de ambos tipos de varejo em todas as Regiões Administrativas (RAs) do Estado, com o pior resultado observado, mais uma vez, na RA-04 – Metropolitana Oeste (-22,8% e -21,3%, respectivamente).
Na mesma base de comparação, novamente houve contração no volume de vendas de todos os setores considerados, principalmente nos casos das lojas de móveis e decorações (-26,2%), concessionárias de veículos (-22,5%) e lojas de departamento, eletrodomésticos e eletroeletrônicos (-18,7%).
Os dados dos primeiros cinco meses do ano do varejo paulista continuam a mostrar forte tendência de queda, refletindo a piora da situação financeira das famílias e a menor confiança no emprego. Dados preliminares referentes aos próximos meses sugerem que as quedas no volume de vendas podem começar a arrefecer, na medida em que prossiga a recuperação da confiança do consumidor.