As vendas do varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) abriram o ano recuando em janeiro 7,0%, na comparação com o mesmo mês de 2016, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), surpreendendo negativamente os analistas de mercado, que esperavam queda de 4,5%.
Contudo, para que se possa inferir a tendência subjacente do comércio, livre de qualquer efeito sazonal, de calendário móvel ou de diferença de número de dias úteis, é mais aconselhável observar o resultado acumulado em 12 meses. Nessa comparação houve retração de 5,9%, inferior à registrada na leitura anterior (-6,2%), o que sugere arrefecimento da crise do setor, ainda que de forma mais lenta do que se previa.
Por sua vez, o varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, apresentou, nas mesmas bases de comparação, retrações de 4,8% e 7,9%, respectivamente. O resultado no acumulado nos últimos 12 meses terminados em janeiro também foi inferior ao anotado em dezembro (-8,7%), o que também sugere perda gradual de intensidade da crise.
No contraste com igual mês de 2016, a forte queda dos segmentos de supermercados e farmácias provavelmente está associada ao nível recorde de desemprego (12,6%). Por outro lado, as menores quedas nas vendas de móveis e eletrodomésticos e veículos poderiam ser explicadas pela baixa base de comparação do ano passado.
A perspectiva para o varejo durante os próximos meses parece ser de lenta recuperação, acompanhando a continuidade das reduções de juros e da taxa de inflação. Desse modo, a atividade econômica, fortemente influenciada pelo consumo das famílias e pelos serviços, que apresentaram queda interanual similar em janeiro (7,3%), também sinaliza um cenário de melhora gradual, principalmente durante a segunda metade do ano.