Em março, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas do varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) recuou 5,7% sobre o mesmo mês de 2015, pior resultado desde 2003.
No primeiro trimestre, a queda chegou a 7%, pior número desde 2001 (Tabela 1), enquanto nos últimos 12 meses a contração se intensificou, alcançando a 5,8%, frente ao declínio observado em fevereiro (-5,3%).
O varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, sofreu retrações mais acentuadas, na comparação com março de 2015 e nos primeiros três meses, que alcançaram a 7,9% e 9,4%, respectivamente, enquanto em 12 meses o declínio foi de 9,4%.
Os juros mais altos, a escassez de crédito e a queda da confiança do consumidor, que se encontra nos níveis mais baixos desde 2005, são a causa das agudas contrações observadas no varejo, durante o período janeiro-março, principalmente nas áreas de móveis e eletrodomésticos (-17,0%), equipamentos, material de escritório, informática e comunicação (-16,8%), veículos (-13,5%) e material de construção (-14,1%).
Também vale destacar que, além das causas anteriores, choques climáticos adversos tornaram os alimentos mais caros, prejudicando as vendas dos super e hipermercados.
O único segmento que ainda resiste é o de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, devido a seu caráter imprescindível, porém, mostrando desaceleração desde 2014.
A perspectiva para os próximos meses é de continuidade da contração do varejo, que poderá começar a atenuar-se devido tanto à base mais fraca de comparação com o ano passado como pela restauração da confiança, em decorrência das mudanças políticos institucionais que se avizinham.
Fonte: Elaboração IEGV/ACSP, a partir de dados do IBGE.