Em julho, de acordo com a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o volume de vendas do varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção), com um dia útil a menos, recuou 5,3% sobre o mesmo mês de 2015 (tabela abaixo). Este foi pior resultado desde o início da série histórica em 2001.
As quedas do comércio também foram mais intensas no acumulado do ano (-6,7%) e no acumulado dos últimos 12 meses (-6,8%), em relação às mesmas bases de comparação em junho. O varejo ampliado, que inclui veículos e material de construção, sofreu retrações mais acentuadas, na comparação com julho de 2015 e nos primeiros sete meses, que alcançaram a 10,2% e 9,4%, respectivamente, enquanto em 12 meses o declínio foi de 10,3%.
Os juros mais altos, a escassez de crédito e a queda da confiança do consumidor, continuam sendo a causa das agudas contrações observadas no varejo, principalmente nas áreas de veículos (-20%), material de construção (-12,6%), móveis e eletrodomésticos (-12,4%) e equipamentos, material de escritório, informática e comunicação (-12,4%).
Também vale destacar que, além das causas anteriores, problemas climáticos provocaram “quebra” da safra agrícola, elevando os preços dos alimentos, e, portanto, afetando de forma negativa as vendas do setor supermercadista que, conjuntamente com combustíveis e lubrificantes, representa 60% das vendas do varejo restrito.
Até mesmo o segmento artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria, de natureza imprescindível, apresentou queda de 3,2%, impactado pelo reajuste anual do preço dos remédios de 12,5% e pela redução da renda (massa salarial) de 4%.
De acordo com o modelo de indicador antecedente elaborado pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo, a perspectiva para os próximos meses é de atenuação da contração do varejo, fechando 2016 com queda próxima a 5%. Essa atenuação ocorreria devido à base mais fraca de comparação com o ano passado, além da redução dos estoques e da recuperação da confiança do consumidor, frente às mudanças políticas e econômicas.