Os resultados de maio para as vendas do varejo restrito (que exclui veículos e material de construção) e ampliado (que inclui todos os setores), de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), surpreenderam negativamente os analistas, ao mostrarem queda de 9% e 10,2%, respectivamente, em comparação ao mesmo mês do ano passado.
As causas para esses resultados, que são os mais fracos desde 2001, apesar de serem influenciados pelo Dia das Mães, que é a segunda data mais importante para o comércio, são a queda na renda das famílias, em decorrência da maior inflação e do enfraquecimento do mercado de trabalho, o nível elevado de desemprego, a menor disponibilidade e o maior custo do crédito, além do baixo nível de confiança do consumidor.
Mantendo a mesma base de comparação, pode ser observado que a contração não poupou nem sequer setores de consumo básico, tais como supermercados e farmácias, o que mostra a intensidade da redução do orçamento das famílias, principalmente no caso dos primeiros, severamente afetados pelos expressivos aumentos dos preços dos alimentos, em razão dos problemas climáticos.
Já as fortes retrações das vendas de bens duráveis (móveis, eletrodomésticos, informática, veículos e material de construção) obedecem relativamente mais à contração do crédito e à reduzida confiança, que tem como um dos principais elementos, a perda de segurança no empego por parte daqueles que ainda o conservam.
Apesar do cenário atual de queda contínua do varejo, o modelo de indicadores antecedentes desenvolvido pelo Instituto de Economia Gastão Vidigal da Associação Comercial de São Paulo, com base no Índice Nacional de Confiança do Consumidor (INC), desenvolvido pela IPSOS Public Affaris, continua mostrando que a contração do volume de vendas deverá reduzir-se até o fim do ano.
Essa chegada ao “fundo do poço” se explicaria pela base de comparação mais fraca, e, principalmente, pelo início da recuperação da confiança do consumidor, que começa a desenhar-se a partir de junho, e que deverá manter-se após a mudança efetiva de Governo.
Síntese Econômica
• Crédito à pessoa física continuou desacelerando em maio.
• Inflação arrefeceu em junho.
• Produção industrial e serviços apresentaram acentuaram retração em maio.
• Varejo intensificou continuou acentuando sua queda em maio.
• Inadimplência bancária continuou estável em maio.
• As contas públicas acentuaram sua deterioração em maio.
• As contas externas seguiram mostrando melhora em junho.
• Taxa de câmbio continuou recuando em junho.