A história nos mostra que uma nação desenvolvida, capaz de proporcionar elevados níveis de riqueza individual para sua população, é construída, na maioria dos casos, a partir de uma economia competitiva, na qual uma indústria pujante e abrangente é parte relevante do PIB e grandes investimentos são observados de forma consistente ao longo de décadas.
O Brasil não foge à regra e, independentemente do cenário político enfrentado pelo País nos últimos meses, busca estratégias de crescimento de seu Produto Interno Bruto capazes de levar a economia de volta aos patamares de crescimento que o fizeram ser considerado um dos mais promissores dentre os Brics há dois anos. Qual seria a fórmula para encontrar tal caminho? Qual o papel que empresas e o setor público deveriam ter nesta jornada?
Uma breve análise de entidades públicas, privadas e do terceiro setor, no permite analisar alguns dos elementos envolvidos nesta discussão:
Dentre as nações com mais de 10 milhões de habitantes, aquelas que conseguiram dobrar o PIB per capita num horizonte inferior a 20 anos enquanto ultrapassavam a almejada barreira dos US$ 20 mil/capita, o fizeram por meio de um binômio composto de investimentos da ordem de 25% a 30% do PIB, e indústrias manufatureiras que correspondiam a pelo menos 25% do próprio PIB. Outra característica da maioria dos casos de sucesso é uma rápida inserção nas cadeias de comércio globais, com exportações que representam de 24% a 50% do PIB.
Na década de 1980, aproveitando-se da inércia do ciclo de investimentos das duas décadas anteriores, o Brasil alcançou o seu ápice quanto à participação da indústria no PIB: 27,2%. Desde então, temos acompanhado um lento e agonizante declínio que deve ficar próximo da triste barreira dos 10% nos dados que serão divulgados em março pelo IBGE. O investimento em um único trimestre ao longo dos últimos 20 anos, chegou próximo de 20% do PIB: mais precisamente 19,5% no 3º trimestre de 2010. E, quanto ao comércio, nossas exportações têm ficado na média dos 11% e 12%.
Câmbio artificialmente valorizado, energia cara, mão-de-obra pouco produtiva com aumentos reais sucessivos em seu custo horário, sistema tributário ineficiente e infraestrutura precária são os fatores comumente apontados como causas-raiz da nossa baixa competitividade – e o são de fato, ou pelo menos foram na última década. Além dos elementos econômicos mais facilmente quantificáveis, existe outro conjunto de barreiras que também dificulta que os países expandam o seu comércio com outras nações.
E quanto ao papel do setor privado? Além da busca incansável em influenciar o setor público para que uma série de políticas e iniciativas estruturais que promovam o aumento da competitividade do país sejam adotadas, cabe às empresas um trabalho contínuo de melhoria de desempenho, aumento de produtividade e defesa de uma posição de liderança, seja em custo, seja em tecnologia.
FONTE: Bain & Company