Confirmando as expectativas dos analistas de mercado, o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre do ano, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apresentou redução de 0,6% em relação aos primeiros três meses do ano, livre de efeitos sazonais.
Na comparação com o mesmo período do ano passado e no acumulado dos últimos quatro trimestres, observam-se resultados mistos, com queda menos intensa na primeira base de comparação (-3,8%) e mais pronunciada no caso da segunda (-4,9%).
Pelo lado da demanda, na comparação com o período abril-junho de 2015, o consumo das famílias, o principal componente, apresentou contração de 5,0%, causada pelas reduções da renda, do crédito e do emprego. É importante destacar que essa contração é menor que a observada para o primeiro trimestre, mantendo-se a igual base
de comparação.
Situação similar ocorreu com os investimentos produtivos e em infraestrutura (formação bruta de capital fixo), que, apesar da menor quantidade de crédito, dos níveis elevados de estoques e da baixa confiança do empresariado, mostraram retração de 8,8%, bastante inferior à observada nos três meses anteriores (-17,5%).
A queda no consumo do governo, na comparação com o segundo trimestre do ano passado (-2,2%), que corresponde basicamente às despesas com servidores, foi mais pronunciada que a observada durante o período janeiro-março.
O setor externo continuou a ser o único item da despesa a dar contribuição positiva, apesar das desacelerações observadas no crescimento das exportações e na contração das importações, produto da apreciação do Real, que afetou negativamente a competitividade da produção nacional.
Pelo lado da oferta, na mesma base de comparação, novamente houve retração de todos os setores, porém abaixo da observada no primeiro trimestre. No caso da indústria vale notar que a retração de 3,0% é bastante menor à registrada entre janeiro e março (-7,3%), decorrente em boa parte da expansão das atividades ligadas ao setor
elétrico, impulsionadas pelo desligamento das termelétricas.
Os serviços, que constituem o principal setor produtivo da economia, mostraram diminuição de 3,3%, inferior ao ocorrido durante os primeiros três meses do ano (-3,7%), destacando-se as reduções no comércio (-7,4%) e nos transportes (-6,5%).
A agropecuária também continuou mostrando redução (3,1%) inferior à divulgada para o primeiro trimestre (-3,7%), devido a choques climáticos adversos e à menor produtividade de algumas culturas. Apesar da continuidade da recessão, os resultados do PIB do segundo trimestre do ano parecem indicar que esta estaria arrefecendo, o que coincide com a sinalização de diversos outros indicadores de atividade econômica.
A evolução da confiança de consumidores e empresários durante os próximos meses passará ser crucial para determinar se o cumprimento do cenário anterior.
FONTE: Instituto de Economia Gastão Vidigal